Antes de falar sobre quem era Douglas Adams, acho melhor discorrer sobre porque gosto dele e o que ele fez.
Gosto desse moço porque o considero um dos pais do humor nonsense. Os programas humorísticos devem muito a ele. Bom escritor desde muito novo, com argumentações hilárias e muito bem estruturadas, venceu ao longo de sua vida muitas dificuldades para pode viver das suas piadas.
Foi em 1974, ao ser descoberto pelo criador de Monty Pyton, Graham Chapman, que Douglas, então com 22 anos, iniciou a carreira de comediante. Ele escreveu alguns episódios da série de televisão e ajudou no roteiro de “Monty Pyton e o Cálice de Sagrado”. Em 1979 formou parceria com John Lloyd e a partir de então passou a escrever diversas séries humorísticas para o canal BBC.
Mas foi a associação com Simon Brett, produtor de radio da BBC, que garantiu a Douglas o sucesso. Em março de 1978 a dupla passou a produzir no rádio um programa humorístico sobre ficção científica, e assim nasceu “O Guia do Mochileiro das Galáxias”!
A série de rádio, com somente seis episódios, transformou-se no ano seguinte em livro e rapidamente virou Best-Seller no Reino Unido. Em 1980 teve sua segunda temporada no rádio e o seu segundo livro. Em 1981 tornou-se série de televisão, e ao longo dos anos virou jogo de videogame, peça de teatro e recentemente chegou ao cinema.
A legião de fãs de Douglas Adams ampliou mesmo com a chegada do rol de personagens bizarros e situações debochadas às telonas. O filme teve uma característica comum a todas as outras representações do trabalho do autor, a liberdade de modificação da história original de acordo com a maneira em que ela será contada. Ou seja, o quê a versão cinematográfica de “O Guia do Mochileiro das Galáxias” mais tem em comum com todas as outras versões da obra é que a história tem pouco a ver com as demais – o núcleo da história está ali, mas a ação que leva os personagens de um ponto da narrativa ao outro é diferente. O que importa no todo são as piadas de Douglas espalhadas pelas obras.
A sua “trilogia” de cinco livros – como Douglas gostava de dizer – ironiza a política, a burocracia e manias ridículas da sociedade. São eles "O Guia do Mochileiro das Galáxias" (1979), "O Restaurante no Fim do Universo" (1980), "A Vida, o Universo e Tudo o Mais" (1982, "Até Mais, e Obrigado pelos Peixes!" (1984) e "Praticamente Inofensiva" (1992).
Com o lançamento do filme em 2005, a Editora Sextante relançou seus livros no Brasil. No longa-metragem, baseado no primeiro livro, Douglas Adams figurou como "produtor honorário", já que fez a maior parte das adaptações para o cinema, resumindo a história para 100 minutos – o que deixa o filme pobre se comparado com o todo.
Com um elenco pouco conhecido, mas que trabalha muito bem (além de um ou outro britânico, o mais famoso é John Malkovich, que só faz uma ponta), o destaque acaba ficando para o robô Marvin, cuja voz é do britânico Alan Rickman. O ator conseguiu colocar um ritmo tão divertido na voz do robô que ele é simplesmente hilário, sendo facilmente o melhor personagem do filme. Além de Marvin, o filme também tem bons exemplos do humor nonsense de Douglas, como as naves Vogons, raça de grandes burocratas da galáxia, que são na verdade repartições públicas, que ao pousarem nos planetas formam intermináveis quarteirões de prédios de escritórios.
Contudo nada substitui seus livros!
Além da ficção-científica, Douglas tinha mais duas paixões, musica e meio ambiente. A primeira inspirou muitas partes em seus livros – com direito até a algumas citações subliminares. Já a preocupação com a natureza, aliada a admiração pelas ciências, sobretudo a física e a biologia, resultou em uma parceria com o zoólogo Mark Cawardine. Ativista ferrenho na defesa do meio ambiente, Douglas auxiliou vários livros de diversos biólogos, inclusive Mark, com quem escreveu "Last Chance to See" (1990), um relato sobre as espécies de animais mais raros do mundo.
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