sábado, 13 de março de 2010

Noticias – 02: Da costela de adão ao Ctrl-V



No Dia 8 de março de 1857, revoltadas com as precárias condições de trabalho, as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque, fizeram greve. Ao ocuparem a fabrica para reivindicar melhores condições de trabalho, foram reprimidas com uma ardorosa repressão do governo e da indústria capitalista! Simplesmente trancaram a fabrica e a atearam fogo. Carbonizaram 130 mulheres, muitas eram mães.

Apesar de o primeiro Dia Internacional da Mulher ter sido celebrado em 28 de Fevereiro de 1909 nos EUA (iniciativa do Partido Socialista da América – UAU!), o simbolismo do dia foi modelado no ano seguinte pela conferência internacional das mulheres, em Copenhagen. E no dia 19 de março de 1911, mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, o celebraram como o Dia Internacional da Mulher.

Seis dias depois, em Nova Iorque, um incêndio na fábrica da têxtil Triangle Shirtwaist, localizada nos três últimos andares de um edifício de dez andares, matou 146 trabalhadores (91 carbonizadas e 54 nas quedas – a escada dos bombeiros ia até o sexto andar).

Esse trágico acidente relembrou o assassinato das operárias ocorrido há mais de 50 anos. E em 1917, na Rússia, pouco antes da Revolução, um grupo de operarias da indústria têxtil organizou habilmente uma greve contra a fome, o czar Nicolau II e a participação do país na Primeira Guerra Mundial. Tal manifestação precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro.

Desde então os países socialistas passaram a comemorar tal data, e a usá-la como propaganda política. No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 10 e 20, mas esmoreceu em seguida. A revitalização da data veio com o movimento feminista em meados da década de 60. E em 1975 a ONU reconheceu oficialmente a data.

Não tem como deixar de agradecer e prestigiar as mulheres, leitoras e escritoras nesse alfarrábico blog. Por isso, parabéns a todas as mulheres!!!

Viva Clarice Lispector, J. K. Rowling, Jane Austin, Simone de Beauvoir, Meg Cabot, Stephenie Meyer , Agatha Christie, Ana Maria Machado, Cecilia Meireles, Martha Medeiros, etc.!

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Por falar em escritoras, já ouviram falar da sensação européia, Helene Hegemann?

Essa alemã bochechuda de 17 anos seduziu a crítica com seu romance sobre a vida sem rumo de uma jovem de 16. A protagonista do livro vive em boates curtindo drogas e emoções ao lado das amigas também desencaminhadas. E não é esse o Zeitgest atual!?

O “alfarrábio” entrou na lista de best-sellers da Alemanha e a escritora ficou famosa.

Tudo estava bem até um blogueiro ler o livro e achar algumas partes meio parecidas com outros trechos de outro alfarrábio menos conhecido. Ao comparar, percebeu que Helene não só havia copiado trechos como também paginas inteiras!

Fãs se sentiram enganados, mas no meio do escarcéu e da indignação Helene se manifestou.

Assumiu-se um novo estado de espírito após a jovem malandra escritora lamentar não ter sido clara quanto as suas “fontes” e lançar a nova tese: "Não existe a tal da originalidade, de qualquer maneira – apenas a autenticidade".

Defendida por críticos, a romance passou a ser encarada como se os trechos copiados montassem num novo e originalíssimo contexto, ou seja, teria sido uma assimilação totalmente consistente com a contemporânea cultura de samplers e remixagens.

E não é que o livro continuou no topo da lista de best-sellers! Chegou até a ser indicado como finalista de um importante prêmio de literatura nacional (Aposto que Goethe esta arranhando a tampa do caixão!).

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Essa matéria me fez ficar com uma séria dúvida legal e ética. Qual a diferença entre Plágio e Sampling?

O sampling seria o recurso atual com bastante potencial para escritores e pesquisadores. Muito conhecido pelos universitários, nele você rouba um pouquinho do todo da obra e o personaliza a sua maneira. Sempre foi normal artistas e escritores roubarem DISCRETAMENTE uma idéia aqui, uma inspiração ali, e tal. Mas quando o samplista rouba descaradamente frases, páginas e capítulos inteiros ele têm a obrigação moral de indicar suas fontes de forma bem visível (sim eu sou um samplista!)

O plagiador é o desonesto que rompe essa a barreira ética e moral e se intitula o criador da obra como um todo, e não põe nem um agradecimentinho...

Sim, como diria Sergio Rodrigues no Todoprosa, “O terreno é movediço”. Ainda haverá muito debate sobre sampling e plágio!

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Mas quem vigia o plágio? O governo? Não, o governo corre atrás dos direitos roubados, a vigilância é feita por nós.

Há um blog, o “Não Gosto de Plágio”, da tradutora Denise Bottmann, onde são veiculadas notícias e denuncias sobre os textos plagiados. Contudo, a blogueira acabou cutucando alguém metido a besta que ficou bastante incomodado, a editora Landmark.

Então, um processo de calúnia foi movido contra a blogueira pela editora. A Landmark é uma pequena, mas notória, editora com um catálogo composto majoritariamente por obras maçônicas. Noticias sobre o infame e ridículo processo ultrapassaram o metier dos blogs e chegaram até a mídia habitual, que ainda esta em curso e não há nada definido.

Como estudante de direito, palpito que essa historia ainda vai render bastante e que a editora além de já ter perdido a credibilidade, deve perder também judicialmente. Contudo, a Landmark conseguiu ganhar fácil, e à revelia, uma excelente má fama e antipatia. As provas estão nos blogs e nos livros...

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O plágio é uma maneira vil e antiética de tomar para si o esforço de outrem. Contudo, a sacanagem fica extremamente maior quando é um escritor já consagrado que plagia. No blog Listas Literárias saíram sete grandes escritores que foram acusados de plágio:

1 - J. K. Rowling :

Ainda corre o processo dos herdeiros do escritor Adrian Jacobs contra a escritora. Alega-se que no livro “Harry Potter e o Cálice de Fogo” copiou partes consideráveis do romance “The adventures of Willy the wizard – No. 1, Livid Land”, escrito em 1987;

2 - Stephenie Meyer:

Com acusações de plágio variadas, que vão desde a cópia de porções generosas de “Nocturne” de Jordan Scott, passando ainda por similaridades com a série “Diários de Um vampiro” de L. J. Smith, e ainda a utilização de vários elementos de “Night World” publicados de 1996 a 1998;

3 - William Shakespeare:

O plagiador mais antigo e notório que já existiu! Há um livro de um historiador dinamarquês do século X conhecido como “Saxo Grammaticus” que conta uma história idêntica a de Hamlet. Nela temos Amleth (nome parecido, não?!), o príncipe dos dinamarqueses, cujo pai é morto pelo tio, que, por sua vez, casa com a cunhada, mãe de Amleth. Essa é a sua cópia mais descarada, mas Otelo e Romeu & Julieta também tiveram fortes “inspirações” em famosas obras gregas e latinas.

4 - Dan Brown:

Autores de um estudo sobre o Santo Graal denominado “The Holy Blood and the Holy Graal” ("O Sangue Sagrado e o Santo Graal") acusaram o pop escritor de best-seller de plágio. Segundo os acadêmicos, o escritor copiou a teoria que aponta o Graal como a descendência de Jesus e Maria Madalena. E eu que pensei que ele tinha inventado aquela porcaria sozinho!

5 - José Saramago:

Até o nosso bom velhinho portuga entrou nessa! O mexicano Teófilo Huerta acusou o ibérico escritor de plágio, pois “As intermitências da morte” seria uma cópia estendida de seu conto “Últimas noticias”, que faz parte do livro “La segunda muerte” de 1987.

6 - Paulo Coelho:

Que novidade! Famoso no mundo todo por inúmeras acusações de plágio no livro “O Alquimista”, onde “figurariam” partes do clássico “As mil e uma noites”, e até cópias fiéis de um romance de Jorge Luiz Borges, que ninguém leu, mas Paulo possível e malandramente divulgou para o mundo. Sofreu diversas acusações da colunista colombiana Glória Hurtado. E ainda assim, é o escritor brasileiro que mais vendeu em todo mundo. É o nosso querido jeitinho brasileiro se espalhando pelo mundo!

7 - Kaavya Viswanathan:

O escândalo mais recente. Aconteceu antes da historia da malandra bochechuda Helene Hegemann. Essa indiana, estudante de Harvard, teve seu romance de estréia badaladíssimo, mas logo se descobriu que tinha havido um grande trabalho de colagem de diversas obras do gênero. Provavelmente ele inspirou nossa alemãzinha!

Termino parafraseando o único morto que não pode me processar se eu o chamar claramente de copiador safado: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.


Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher

http://www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm

http://nandabalieiro.org/blog/2007/03/08/as-mulheres/

http://olivreiro.com.br/blog/2010-03-08-livros-para-todo-tipo-de-mulher

http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2010/02/12/a-garota-que-copiava-quer-dizer-sampleava-265950.asp

http://www.presseurop.eu/pt/content/article/188081-helene-hegemann-arte-do-corta-e-cola

http://colunistas.ig.com.br/sergiorodrigues/2010/02/18/plagio-ou-sampling/

http://www.viscerasliterarias.com/2010/02/tambem-nao-gosto-de-plagio.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+viscerasliterarias+(Vísceras+Literárias)

http://livroseafins.com/editora-landmark-processa-blogueira-denise-bottmann-do-nao-gosto-de-plagio/

http://naogostodeplagio.blogspot.com/

http://listasliterarias.blogspot.com/2010/02/7-escritores-famosos-acusados-por.html

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