sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ler por que?!

Para encerrar o mês, segue um textozinho que fui escrevendo ao longo da semana. Tive a idéia depois que vi no ônibus uma mãe brigando com o filho ler logo para o colégio “A Droga da Obediência”. Nem sabia que ainda mandavam ler esse livro. Eu mesmo li tive que ler ele no Palas por obrigação...

Lembrei do colégio e daquele bando de imbecis que pegava resumos do livro, deixando de ler esse livrinho gostoso de ler de Pedro Bandeira. Depois de varias abobrinhas que a mãe falou, o garoto perguntou “E para que quê vô lê isso!?” E a mãe retrucou “Porque ler é bom!”... Que ótima argumentação materna! Simples e direta. Passei o resto da semana pensando em por que ler um livro...



A leitura sempre é enaltecida pelas suas boas qualidades. Diz-se que abre fronteiras, que é essencial para a vida na sociedade, que amplia os horizontes, etc. Não há quem que discorde que ler é bom, que faz bem à saúde mental e à imaginação, que torna a pessoa mais informada e que traga vários outros benefícios!

Contudo, ao mesmo tempo em que vejo tamanho enaltecimento e valorização da leitura, não encontro muitos leitores. Será que andam lendo escondido, ou as pessoas não lêem tanto e criam essa utopia pseudo literária?

Acredito que não basta expor as benfeitorias que a leitura traz, porque ninguém faz nada por que simplesmente é bom. As pessoas precisam de algo em troca que lhes dê qualquer incentivo. Qualquer coisa que garanta ao leitor um deleite, uma sensação de dever cumprido, a segurança de que o tempo em que passou lendo lhe garantiu alguma serventia. Pois do contrario, dificilmente se desenvolve gosto pela leitura.

Lógico que a experiência agradável de ler um livro prazeroso atrai o indivíduo para o mundo dos livros. Mas ainda assim, é preciso criar a fome para que a vontade de comer surja. Se não houver instigação e curiosidade, as pessoas continuaram prostradas sem querer ler.

Mas de onde vem o incentivo? Da escola? Talvez... mas é tão fraco que não faz nem cosquinha. Do governo? Tá brincando... Ele dispõe bibliotecas e tal, mas não há uma campanha eficaz. Famílias e amigos, esse fator é relativo, pois cada pessoa influencia e é influenciada de uma maneira. Talvez estímulo a leitura venha mesmo de ONGs, como a Mundoquelê – e ainda assim é a única que conheço.

Daí eu me pergunto, “será que melhoraria um pouco se houvesse o questionamento de “Por quê ler?””.


Mas a resposta é difícil. Seria para adquirir informações e construir conhecimento?

Pois, adquirir informações e construir conhecimento não é prerrogativa da leitura. Pode-se ler sem entender coisa alguma – e isso acontece muito! Pode-se aprender muita coisa sem a leitura e ainda assim adquirir uma erudição fantástica. Não é sábio só quem lê. Sábio é aquele que busca os melhores meios de usar a instrução que possui.

E a leitura é só parte da busca pelo conhecimento...


Então, se lê por curiosidade em relação à história?

Eu não conheço ninguém que tenha começado a ler um livro sem antes checar a sinopse. Além do fato de a curiosidade ser um fator relativo, hoje em dia não falta meio para buscas alternativas para o conteúdo de um livro. Seja ele um romance (que se for bom ou famoso provavelmente estará roteirizado pros cinemas) ou acadêmico, escrevendo-se o nome da obra no google se conhecerá bastante coisa sobre a obra ou o assunto – obvio que nem tudo é confiável.

Talvez a curiosidade seja pela trama ou pela condução e desenvolvimento do livro... Acredito que tais fatores só atraiam leitores que já estão com os “olhos calejados” por outros alfarrábios. Há o fenômeno dos Best-Sellers, mas isso é uma exceção fica para outro dia.


Hum... Então seria pelo prazer que a leitura traz?

Infelizmente, no mundo atual existem várias fontes de entretenimento que, além de serem mais acessíveis, dão contentamento e satisfação muito mais rápido que a leitura. Filmes, jogos, programas de televisão, drogas (licitas ou não), etc. Nesse mar de passatempos fáceis e instantâneos a procura pelo prazer na leitura cada vez é rara, em detrimento das do gigantesco rol atual de entretimentos.


Realmente eu não sei a resposta de “Por que ler?”. Mas eu sei por que eu leio! Simples, para mim é um hobby. Acostumei-me a conhecer as histórias pelos livros. Acredito que você entra em contato muito maior com elas. Eu não preciso ver para me envolver, pois tudo que leio, desde um romance romântico até um livro de direito, vai sendo desenhado e visualizado de uma maneira única aqui nesses meus miolos.

Então, para tentar fechar minha argumentação, ler é sim importante, mas não o que mais importa! É uma das atividades mais tranqüilas e benéficas de cultivar e incentivar. Eu enxergo muito poucos defeitos no ato de ler, e todos eles vêm dos leitores!

Contudo, leitura à toa só enfada e distancia o indivíduo dos livros. A não ser que ela seja hobby. Mas para quem a leitura não o é, aconselho que antes da se imponha uma leitura nitidamente forçando a barra se busque responder “por que vou ler esse livro?”...


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Rei do Inverno

O Rei do Inverno

Bernard Cornwell

Edição: 1

Editora: Record

Ano: 2001

Páginas: 546

O Rei do Inverno conta a mais fiel história de Rei Artur. Sem os típicos exageros míticos, mas sim baseando-se em fatos e descobertas arqueológicas, este romance genial retrata o maior de todos os heróis como um poderoso guerreiro britânico, que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, após a saída dos romanos.

Rei Artur, que ao longo de séculos, transformou-se no maior de todos os heróis da literatura e em um dos personagens míticos mais presentes no nosso imaginário. Mas depois de muitas versões de suas aventuras, sua verdadeira história perdeu-se nas brumas do tempo. Quem foi de fato o homem Artur? Onde foi seu reino? Existiram mesmo os Cavaleiros da Távola Redonda? Em que época ele viveu? Que inimigos combateu? Para que Deus enviou suas preces? Que mulheres amou? Apaixonado desde a infância por aventuras de cavaleiros, o escritor Bernard Cornwell resolveu pesquisar a figura histórica de Artur. Baseado em descobertas arqueológicas recentes, criou esta excelente saga.

"O livro traz religião, política, traição, tudo o que mais me interessa," explica Cornwell, que usa a voz ficcional de Derfel para ilustrar a vida de Artur. Este valoroso soldado cresce dentro do exército do rei e dentro da narrativa de Corwell começando como soldado raso até se tornar o melhor amigo e conselheiro de Artur na paz e na guerra.

Não tem muito mais o que falar, o livro é perfeito. Todos os personagens são muito bem construídos e apresentados neste primeiro volume da trilogia. Garanto que ao terminar o livro, você ficará ansioso para ler o volume seguinte da saga de Artur, e conhecer os outros cavaleiros e antagonistas que vão se apresentando ao longo da trama.

OBS: Derfel é de longe um dos personagens mais carismáticos e bem construídos que já encontrei em um livro.

Nota: 10,0

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Azincourt

Azincourt

Bernard Cornwell

Edição: 1

Editora: Record

Ano: 2009

Páginas: 453

Agincourt (Azincourt, em Francês) foi uma das batalhas mais famosas já travadas, onde um exército pequeno, desprezado, doente e faminto lutou como pode contra um inimigo mais bem equipado e com a moral em alta, que o excedia em números.

Tal batalha, que é referencial estratégico até hoje, ocorreu durante a Guerra dos Cem anos. O conflito se deu após um pequeno exército inglês, trucidado e enfraquecido terrivelmente pela obstinada defesa francesa sitiada em Harfleur, decidir marchar de volta para Calais, a fim de provar que poderia desafiar o grande exército francês que estava sendo reunido para destruí-lo. O rei inglês acreditava que Deus lhe favorecia e que poderia escapar daquele exército, mas a marcha, assim como o cerco, não teve sucesso e os ingleses terminaram encurralados e forçados a lutar contra um inimigo que o excedia em seis para um.

Neste contexto, Bernard Cornwell narra à história de Nicholas Hook, um arqueiro que começa o livro se alistando na guarnição de Soissons, uma cidade cujos santos padroeiros eram São Crispim e São Crispiniano. O que aconteceu em Soissons chocou toda a cristandade, mas no ano seguinte, Hook se vê fazendo parte daquele pequeno exército encurralado em Azincourt. O livro é a história dos arqueiros que lutara em uma batalha que se tornou lendária, e mais uma vez o autor demonstra os segredos por trás desta Guerra sangrenta e atroz.

A narrativa é muito bem trançada, os personagens são muito bem construídos e há detalhes que deixam a história perfeita. Não há um defeito nesse livro, que um bom exemplo do tema onde Bernard Cornwell tem experiência e maestria.

Nota: 10,0

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Stonehenge

Stonehenge

Bernard Cornwell

Edição: 1

Editora: Record

Ano: 2008

Páginas: 504

Como explicar Stonehenge, um enigma tão complexo quanto às pirâmides do Egito? Qual era a finalidade desse círculo de pedras? Todos os anos, milhares de turistas seguem até a planície de Salisbury para tentar entender o grande mistério. Teria o monumento sido erguido como um templo e construído pelos druidas celtas? Bernard Cornwell recria a época da construção do monumento em uma emocionante disputa entre três irmãos pelo poder de sua tribo.

O autor faz sua narrativa de forma segura e fascinante, porém um pouco mais lenta que seus demais romances. Cornwell reconstrói a possível história em torno da construção do monumento, ocorrida por volta dos anos 2000 a.C, conjeturando os momentos importantes por detrás de seu surgimento, embasando-se nos poucos em fatos e pistas arqueológicas que existem. Mas ainda assim o autor, deixa claro em suas notas históricas, que ninguém realmente sabe quem ou por que Stonehenge foi construída.

A visita de um estranho a uma vila tribal inicia a trama. O viajante carregado de ouro e crente de outra divindade doa seu dinheiro para construção de um templo. Contudo, Hengall, o chefe da tribo enxerga como mau agouro a sua vinda... Os filhos do líder interpretam a vinda do estranho de diferentes formas, e o estranhamento entre os seus desejos e ambições é a força motriz do romance.

A trajetória dos três irmãos é conduzida sob a necessidade de um grande templo, um templo para trazer de volta o favor dos deuses. Uma excepcional narrativa, para quem gosta de ficção histórica, especialmente no que diz ao mundo pré-histórico. Os confrontos são descritos primorosamente, além das técnicas usadas para mover as pedras e construir os templos. Muito aconselhado a quem gosta de história e antropologia e sobre as hipóteses sobre o passado misterioso.

Sensacional! A riqueza da trama, envolvendo disputas tribais, políticas e religiosas é muito bem trançada. Apesar do intenso detalhamento que o autor faz, o que pode deixar certos momento do livro monótono, A sociedade tribal descrita pelo autor põe muito filme do gênero no chinelo!

Nota: 9,0

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O condenado

Bernard Cornwell

Bernard Cornwell

Edição: 1

Editora: Record

Ano: 2005

Páginas: 321

Nesse excelente romance histórico, Cornwell narra um thriller intenso e cercado de mistérios. Com extremo detalhismo entramos na Inglaterra pós-Napoleão e acompanhamos a história de um dos heróis de Waterloo.

Faltando sete dias para o enforcamento do principal suspeito do assassinato de uma condessa, uma nova investigação sobre o crime é ordenada pela Rainha. Eis então que surge Rider Sandman, honradíssimo oficial inglês que retornou para casa e encontrou um país corrupto, pobre, repleto de conflitos sociais, onde o cadafalso se tornou sinônimo de justiça.

A decepção de Sandman com a terra natal aumenta quando descobre que o próprio pai se matou, deixando uma fortuna em dívidas de jogo. Apesar de ser hábil com a espada e exímio jogador de críquete, Rider luta para sustentar honestamente a mãe e a irmã e, além disso, liberar a noiva do compromisso de casamento.

Precisando de dinheiro, aceita investigar o estranho assassinato da condessa suspeita de ter sido assassinada por um pintor. Apesar dos pontos obscuros do crime, dos obstáculos que surgem e do forte preconceito da sociedade para com o acusado, que é filho da uma costureira da rainha, Sandman acredita que a verdade possa vir à tona...

Esse é um dos livros mais curtos e mais interessantes de Bernard Cornwell. Longe do seu tema preferido, as guerras e suas batalhas, o autor nos faz entrar na atmosfera negra de livro com extrema habilidade. As dificuldades de Sandman são inúmeras e inesperadas, e é com aflição que se espera o momento derradeiro do livro.

O defeito que vejo nesse livro é ser pequeno e ser histórico-policial. O autor te joga no meio de uma história tão intensa e cheia de detalhes que sem ler essa introdução detalhada (onde parece que contei o livro todo) você realmente fica perdido. A sinopse escrita acima não revela nem 10% da trama!

OBS: Esse livro (e essa nota) é atípico em relação à Bernard Cornwell! Talvez seja pela falta de batalhas...

Nota: 8,0


P.S.: Feliz Aniversário Bernard Cornwell!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bernard Cornwell


Como prometido publicarei sobre Bernard Cornwell essa semana.

Hoje só falarei sobre o autor, pois amanha é seu aniversário. Ao longo da semana publicarei minha resenha sobre seus livros sem continuação, e na sexta falarei do primeiro livro de sua melhor saga, Rei Arthur (Se não houver interesse ou tempo, leia logo o ultimo parágrafo e arrependa-se de não ter lido tudo quando um dia terminar de ler um de seus livros!).

Pois então, em 23 de fevereiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, nasceu em Londres Bernard Cornwell. Seus pais intensamente envolvidos no conflito (Ele aviador canadense e ela auxiliar da RAF) o entregaram a adoção.

Criado em Essex pela excêntrica família Wiggins, que eram membros da facção protestante Peculiar People – rígida seita que bania qualquer tipo de futilidade, inclusive a medicina!

Na casa de sua nova família só se podia ler a Bíblia, então Bernard cresceu lendo escondido sobre guerras e romances belicosos como os de C. S. Forester, e desde então começou os contornos de um futuro personagem das guerras napoleônicas, Richard Sharpe.

Conseguindo ingressar na universidade de Londres, fugiu de sua estranha família adotiva e adotou o nome Cornwell de sua mãe. Após se formar trabalhou como professor na própria universidade. Tentou alistar-se no exercito britânico três vezes, mas foi rejeitado por causa de sua forte miopia.

Foi então contratado pela BBC, onde ficou por 10 anos, começando como pesquisador do programa de notícias Natiowide, terminando a carreira lá como Chefe de Assuntos Televisivos

Atuais em Belfast.

Na Irlanda do Norte conheceu Judy, turista americana por quem se apaixonou e casou em 1980 e vivem juntos até hoje. Contudo, na época Judy não podia ficar na Inglaterra por questões familiares, então Bernard decidiu mudar-se para o país de sua esposa, os Estados Unidos da America.

Sem conseguir o Green Card, e com ele a autorização governamental para trabalhar, Cornwell decidiu tornar-se escritor, pois esse tipo de trabalho não precisava da permissão do governo estadunidense do norte.

Para Bernard, não houve muitas recusas para aceitação de seu livro, pois ao conhecer um agente literário britânico em festa, comentou que havia escrito um livro, e o agente disse que gostaria de ver. Uma semana depois já tinham feito um contrato para mais seis livros. Aquele agente é ainda o atual dele.

Foi neste momento nasceu Richard Sharpe, soldado inglês que vive uma série de aventuras à lá James Bond durante a era napoleônica. Esse personagem rendeu quase vinte livros (os seis primeiros do contrato eram de Sharpe) e uma série de televisão (protagonizados por Sean Bean, o Boromir do Senhor dos Anéis) muito prestigiada no Reino Unido e nos EUA.

Com vasta experiência em pesquisa, paixão por guerras e conflitos históricos e com o louco hobby de colecionar mapas antigos e pequenas bugigangas militares, Bernard facilmente tornou-se um excelente autor de romances históricos. Seus personagens fictícios permeiam e narram acontecimentos reais, como se fosse quase um filme.

Contudo Cornwell escreve poucos livros de volume único. Adora sagas onde a trama revela personagens muito bem delineados e que deixam uma saudade enorme nos últimos volumes.

Dentre suas sagas completas temos: a tetralogia ainda não traduzida, As Crônicas de Starbuck, situada durante a Guerra Civil Americana; a trilogia As Crônicas de Artur, que lida com a era Arturiana e outra trilogia, A Busca do Graal, sobre uma busca pelo Santo Graal no século XIV, num período próximo do conflito entre Inglaterra e França conhecido como Guerra dos Cem Anos.

Atualmente Bernard escreve os livros da série Crônicas Saxônicas, que se passa no século IX no reino anglo-saxão de Wessex, durante o reinado de Alfredo o Grande quando este defendeu o seu reino contra os vikings, se tornando o único monarca inglês a ser condecorado com o título de “o Grande” por seu povo.

Em junho de 2006, Cornwell recebeu o título de OIB (Oficial, Ordem do Império Britânico) na lista de honra do aniversário de 80 anos da rainha. Em 2009 esteve no Rio de Janeiro, na Bienal do Livro, para prestigiar seu mais recente livro Azincourt - que não era parte de nenhuma série. E em 1010, deve sair aqui no Brasil o quinto livro de Crônicas Saxônicas, Terra Queimada.

Atualmente vive ainda nos EUA com sua mulher em Cabo Cod, no extremo leste do estado de Massachusetts...

Bernard Cornwell é um dos mais importantes escritores britânicos da atualidade, com seus romances traduzidos para mais de 16 línguas, e com mais de quatro milhões de exemplares comercializados em todo o mundo. Conhecido pela precisão histórica e por usar de fatos reais para criar uma ficção completamente ligada à História, fatalmente seus livros viram best-seller.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A nova traição de Judas

A nova traição de Judas

Força Sigma 3

James Rollins

Edição: 1

Editora: Ediouro

Ano: 2008

Páginas: 516

Se fosse uma trilogia, os romances da Força Sigma se encerrariam aqui... Neste, o autor combina história e ciência com aventura, em uma trama emocionante, na qual uma estranha epidemia irrompe numa pequena ilha do Sudeste Asiático, onde séculos antes Marco Polo perdeu quase toda a sua frota. Os fatos estariam relacionados? Para decifrar este enigma, entra em ação a organização mais secreta do Departamento de Defesa dos EUA. Contudo a Guilda, entidade terrorista arquiinimiga, também esta atrás da resolução deste mistério, custe o que custar.

Não tão bom quanto o primeiro livro, e definitivamente, muito inferior ao segundo. Neste volume, a trama se desenvolve em somente dois focos narrativos. E ainda há certos trechos ousados que parecem um samba do criolo doido, pois o autor mistura canibais, lulas gigantes, ilhas de piratas, etc. Receita arriscada para o terceiro livro de uma série de seis. Talvez por isso que ainda não tenham traduzido os outros três livros da série!

Os personagens ficaram menos profundos, e certos clichês tiveram forte presença durante a trama. Contudo, a nota só não caiu porque a parte histórica esta muito boa e bem amarrada com o contexto. O que ficou chato mesmo foi o livro terminar em uma cena que provavelmente deveria continuar em um próximo volume, que ainda não foi traduzido, e nem a pistas de interesse da editora de traduzir...

Nota 7,0

Cinco casos

Cinco Casos

Michael Crichton

Edição: 1

Editora: Rocco

Ano: 2000

Páginas: 192

Michael Crichton ganhou, em 1970, o prêmio de escritor médico do ano com esta obra, a única de não-ficção traduzida. Em 1994 atualizou a obra, inserindo comentários. A partir da análise de cinco casos clínicos, o autor critica a postura médica americana, que dá mais valor à tecnologia, do que a prevenção e o bem-estar dos doentes. Um exame ainda atual das instituições e da assistência médica nos Estados Unidos, apesar de ter sido escrito na década de 60.

A breve contextualização da história da medicina até a época em que escreveu o livro ajuda a entender a situação crítica que os as políticas e preços dos planos de saúde, aliados com a cultura e as práticas dos hospitais são um problema que cresce exponencialmente em todos os países. Se já estava ruim naquela época, hoje em dia então...

É um bom livro, bem crítico em relação à medicina, mas acho que apesar da revisão, ainda há certa desatualização. E apesar de já ter lido quase tudo do autor, tom de dono da verdade, juntamente com o distanciamento quase divino que ele, como médico, tem de seus pacientes, me levou a nota que achei que ele mereceu.

Nota: 7,0


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cabeça Tubarão

Cabeça Tubarão

Steven Hall

Edição: 1

Editora: Companhia das Letras

Ano: 2007

Páginas: 488

Certo dia, Eric Sanderson acorda sem vestígios de memória: não sabe quem é, onde está, nem como foi parar ali. Não encontra nada com seu nome escrito. Como se não bastasse, começa a receber cartas de si mesmo. Guiado por elas, conhece uma psiquiatra, que o recebe no consultório com um diagnóstico tenebroso: amnésia dissociativa, uma forma rara da doença, que arrasta suas lembranças de volta à estaca zero toda vez que ele apresenta algum progresso. Segundo a médica, Eric perdeu a namorada há três anos em um acidente na Grécia, e desde então começou a apresentar lacunas na memória. A doença só piorou, e a cada recorrência – sim, esta não é a primeira - ele lembrava cada vez menos. Porém aos poucos Sanderson descobre que suas memórias não foram perdidas, mas sim devoradas por um ludovício, um ser formado por idéias que continua em seu encalço. Enquanto foge desse misterioso monstro, vai juntando as pistas de sua identidade perdida, com a ajuda das cartas que enviou para si mesmo do passado.

A partir daí ele irá empreender uma jornada para tentar recuperar sua mente, enfrentar novos e velhos inimigos e descobrir a verdade sobre seu passado em um enredo cada vez mais complexo e surpreendente. O livro é um verdadeiro jogo entre o mundo conceitual e o real, e sua originalidade se estende aos truques tipográficos, às criaturas de palavras que saltam de suas páginas e à criptografia de textos. Por todo o livro, há códigos e mistérios a serem decifrados, numa prosa que combina o ritmo frenético de um blockbuster com o refinamento literário de um escritor jovem e promissor.

Parte do mistério do livro talvez seja explicada pelo seu título original: “The Raw Shark Texts” (“os textos do tubarão cru”), que não faz muito sentido, mas “Raw Shark” tem quase a mesma pronúncia de Rorschach (obrigado Alan Moore com seu Watchman!), o nome dado ao famoso teste da mancha de tinta. Neste tipo de avaliação, um psicólogo exibe manchas aparentemente aleatórias para que o paciente diga o que consegue “enxergar”... Sugestivo, não?

O livro tem esta característica, podemos vê-lo como suspense, história de amor, ficção científica, aventura e outras formas que talvez eu não tenha enxergado. Talvez pessoas diferentes enxerguem coisas diferentes nele. Recomendado para quem gosta de enredos diferentes e não se incomoda de ficar pensando na história depois do final do livro.

Steven Hall é um poço de cultura pop. Diferente da maioria dos autores que gostam de dar uma de moderninhos usando tais referências o escritor parece vivê-las. Ele menciona a cultura de massa de maneira absolutamente despretensiosa, criando personagens que efetivamente estão inseridos nesse mundo. Por exemplo, quando Eric e sua namorada discutem letras de música, é como se tivessem acabado de desligar seus iPods... Igualmente bacanas são suas brincadeiras estruturais. Em tempos de pós-modernismo, com jogos online e códigos de Dan Brown, Hall usa imagens e tipografia como partes essenciais da trama cinematográfica. Há mensagens cifradas, flipbook, trechos de enciclopédias, fotos...

Há ainda um grande sincretismo e influencia dos efeitos descritos com obras cinematográficas como Tubarão, Vanilla Sky, Matrix, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembrança, Casablanca, etc. e ainda grandes obras literárias como Alice no País das Maravilhas, Paul Auster, Jorge Luis Borges... Mas o que diabos tudo isso tem têm a ver com Frapê de Café, vida conceitual, um gato chamado Ian e paradisíacas ilhas gregas? Na cabeça de inglês Steven Hall tudo!

E o autor ainda vai além da limitação do suporte papel e expande a experiência do romance usando a internet. Há listas de discussão de seu livro onde já foram descobertos diversos "não-capítulos", trechos da história que existem em edições específicas da publicação ao redor do planeta. E a brasileira, claro, também tem a sua...

Só recomendo para os que têm a cabeça bem aberta, hehehe... Mas vai valer a pena!

OBS1: Pelo jeito, essa é a semana dos livros nota 10!

OBS2: Se quiserem vivenciar um pouco do universo do livro, http://www.cabecatubarao.com.br/

Nota: 10,0

Memórias de um sargento de milícias

Memórias de um sargento de milícias


Manuel Antonio de Almeida

Edição: 3

Editora: Martin Claret

Ano: 2008

Páginas: 203

O livro trata da história de Leonardo, jovem que vive na época de Dom João VI e que gosta muito mais de se divertir do que de trabalhar. O autor faz uma irresistível e bem-humorada crônica sobre o cotidiano das classes baixas de um Rio de Janeiro que sofria diversas transformações com a chegada da Corte.

Apesar de a obra ser do período romântico, ao longo da trama vários aspectos do movimento são criticados, e diversas vezes satirizados. O livro foge a diversas características do romantismo, o relacionamento amoroso não é idealizado, Leonardo não se mostra corajoso e íntegro, como nos padrões do herói romântico. Mostra-se vagabundo, irresponsável, um anti-herói. Ele não é um vilão, mas não representa um modelo de comportamento; é uma pessoa comum. E do inicio ao fim a trama também foge do estilo romântico, mas não vou por “spoiler” aqui!

Manuel Antônio de Almeida faz referências à mitologia grega, cita personagens reais, como o major Vidigal e ainda expõe várias histórias paralelas, no mesmo contexto da trama principal. Enfim, ele faz de tudo para prender a atenção do leitor para o próximo capítulo, criando assim um estilo próprio, um Romantismo irônico, e crítico à sociedade vigente na época.

Apesar de o livro ter sido escrito no século XIX durante a época do estilo romântico, tal obra está mais identificada com o Realismo, notadamente pela ausência de maniqueísmo e personagens idealizados e a existência de metalinguagem.

Contudo, essas excentricidades do livro não são o seu principal atributo, mais sim a linguagem coloquial e o excelente quadro do cotidiano de meados do século XIX. Vale muito à pena a leitura!

Nota: 10,0

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

História das Guerras

História das Guerras

Demétrio Magnoli


Edição: 2
Editora: Contexto
Ano: 2008
Páginas: 479


Algumas guerras definitivamente mudaram o curso da História. Este livro, organizado por historiadores, sociólogos, geógrafos e jornalistas brasileiros, dá conta de quinze momentos-chave em que as armas substituíram a política e decidiram o futuro da humanidade. Textos elucidativos, cuidadosamente pesquisados e escritos com clareza fazem deste livro leitura obrigatória, obra de referência na área. O livro analisa origens, estratégias, táticas e contradições de 15 das mais importantes guerras que assolaram o mundo nos últimos 2.500 anos.

As guerras não são algo novo na história da humanidade. O armamento, a motivação, a estratégia, os objetivos têm mudado muito, mas elas existem há milhares de anos. O que elas têm em comum é o fato de terem promovido mudanças fundamentais na trajetória da humanidade.

História das Guerras, coordenado por Demétrio Magnoli a pedido da Editora Contexto, não fica nas conseqüências, mas investiga origens, estratégias, táticas e até contradições de 15 dos mais importantes conflitos da história. Os capítulos foram atribuídos a especialistas e encontram-se em ordem cronológica após o ensaio introdutório do organizador, “No espelho da guerra”. Entre os autores, escolhidos meticulosamente, com base nas suas qualificações, alguns são historiadores (Pedro Paulo Funari, José Rivair Macedo, Francisco Doratioto, Renata Senna Garraffoni, Marco Mondaini, Elaine Senise Barbosa, Henrique Carneiro, Antonio Pedro Tota e Fátima Regina Fernandes), outros, especialistas em História Militar (almirante Armando Vidigal e o coronel Luiz de Alencar Araripe), dois deles (André Martin e Demétrio Magnoli) especialistas em Geografia Política e dois são jornalistas com larga experiência em coberturas e análises da área internacional (William Waack e Cláudio Camargo).

Os textos são o fruto de um processo de crítica e revisão que, acolhendo a diversidade de pontos de vista teóricos e reconhecendo as particularidades dos objetos de investigação, conferiu uma unidade básica à narrativa. Sob a diversidade de experiências profissionais e acadêmicas dos autores, oculta-se uma convicção comum: rigor não significa hermetismo. Os capítulos oferecem leituras das grandes guerras da história pontuadas pelos seus contextos sociais e culturais. Eles evidenciam as dimensões estratégicas e militares dos conflitos que abordam. Além de serem escritos em linguagem clara, acessível e direta, os ensaios são acompanhados por mapas históricos que representam a grande estratégia da guerra e suas batalhas decisivas. Dessa maneira, o leitor é levado ao campo de batalha ao lado dos protagonistas dos grandes embates.

Cada um dos capítulos de História das guerras expressa a pesquisa mais recente, a bibliografia mais atualizada sobre o fenômeno histórico no qual se debruça. E todos eles representam um “olhar brasileiro” da história mundial. Assim, os autores podem, quase sempre, tomar uma saudável distância crítica das correntes nacionais de interpretação que, na França, na Alemanha, na Rússia ou nos Estados Unidos, que sempre debatem em torno de feridas profundas do seu próprio passado. Ao mesmo tempo, o Brasil está presente, como ator secundário das grandes Guerras Mundiais do século XX ou como ator decisivo da Guerra do Paraguai.

Li correndo este livro, devido à empolgação e ansiedade de saciar minha curiosidade com certos conflitos. Sei que tenho que re-ler o livro, mas tenho certeza que vou dar a nota máxima mais uma vez, porque este é um livro fácil de ler, delicioso e bem sucinto, apesar da diferente análise feita por cada especialista e pelo tema extenso, e certas vezes controverso.

OBS: Imperdível!

Nota: 10,0



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Tô na Folia!


Carnaval no Rio é uma delicia. Não tem trabalho, esta tudo parado e tem um monte de gente doida e querendo ser feliz na rua, reencontra-se amigos, faz-se novas amizades, etc.


Eu preferia ter viajado, fiz vários planos quem não deram certo, mas estou feliz por ter ficado aqui...


Mas focando agora no blog, está difícil parar para atualizar isso aqui! Mal tenho lido meu livrinho sobre viagens de mochila...


Mas como assumi o compromisso de atualizar o bichinho aqui, tenho que por o cansaço e o sono de lado e agir!


Ainda tenho 20 minutos!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Ordem Negra

A Ordem Negra

Força Sigma 2

James Rollins

Edição: 1

Editora: Ediouro

Ano: 2007

Páginas: 477

Um grupo fascista explode um templo no Himalaia, uma estranha criatura ataca uma importante cientista e o conturbado leilão de uma bíblia que pertencia a Darwin são os ingredientes que se encaixam como um quebra-cabeça neste segundo volume da trilogia Força Sigma. Combinando acontecimentos históricos e suspense, A ordem negra traz uma narrativa de tirar o fôlego que o configura como um dos melhores thrillers de James Rollins.

O entrosamento da historia deste volume com o anterior é perfeito, as loucas teorias são razoavelmente, as referências históricas estão excelentes e as personagens (novas e velhas) estão impecáveis. Essa é sem dúvida uma das melhores continuações da qual já li. A trama é intensa e intercalada por momentos de ação que vão evoluindo no decorrer do livro.

O entrosamento entre os três focos narrativos esta ótimo e o final põe muito de filme de ação e aventura no chinelo. Com uma história envolvente e criativa e o texto é sedutor do início ao fim.

Só não ganhou nota máxima porque não é um volume único!

Nota: 9,0


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A queda

A queda

Albert Camus

Edição: 1

Editora: Bestbolso

Ano: 2007

Páginas: 111

O narrador, Jean-Baptiste Clamance, autodenominado como "juiz-penitente" faz uma denúncia da natureza humana misturada a um penoso processo de autocrítica. Este advogado decaído e bebum em um boteco desclassificado de Amsterdam , conversa com um interlocutor que o leitor nunca saberá quem é.

No livro, estamos diante de uma daquelas noites, em que os bares tardam em fechar e acolhem insones e estropiados. O narrador então passa a contar uma historia já está cristalizada, da qual participamos como “voyeurs” impotentes, fascinados e indignados, querendo não aceitar o que Clamance diz.

Esse advogado, que defendia os ricos parisienses, passa a “usar da palavra” para, num primeiro momento, revelar que durante um bom período da vida foi (ou achou ser) um indivíduo de grande sucesso. Ocorre que certa noite, quando retornava à sua casa, vê um incidente – que não vou contar – no qual por sua omissão, o foco da narrativa muda. O “santo homem”, até então descrito, muda sua confissão, mostrando a imagem de um crápula que no fundo sempre teria sido prepotente, hedonista, perdulário, egoísta e cínico.

As passagens de humilhação por que passa o personagem em sua via-crúcis de degradação são dramáticas e ao mesmo tempo irônicas, com um linguajar coloquial e denso.

Na época em que li este livro, não tive muita paciência de lê-lo com calma e com atenção suficiente. Acabei achando pedante, talvez por ser um longo monólogo, ou então por não ter divisão de capítulos, ou ainda por estar muito verde para ler uma obra existencialista.

Lembro de bons insights, mas não gostei muito do livro

Ainda vou relê-lo, e apesar de provavelmente não merecer, por enquanto a nota é essa...

Nota: 4,0

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Arte da Guerra

A Arte da Guerra - Métodos Militares

Sun Tzu & Sun Pin

Edição: 1

Editora: WMF Martins Fontes

Ano: 2002

Páginas: 354

"A Arte da Guerra", de Sun Tzu, escrito no século IV a. C., é um dos mais sábios e importantes tratados de estratégia militar. O texto aplica-se à competição e ao conflito em geral e em todos os possíveis níveis. Sua meta é a invencibilidade, a vitória sem luta. O tratado é composto por treze capítulos, onde em cada um aborda um aspecto da estratégia de guerra, de modo a compor um panorama onde todos os eventos e estratégias que devem ser abordados em um confronto racional. Tal livro foi usado por grande estrategistas militares ao longo da história, como Napoleão, Mao Tse Tung, Erwin Rommel, etc.

A Arte da Guerra foi traduzida do original somente em para o português 1995. Apesar da antiguidade do alfarrábio, nenhuma obra ou tratado é tão compreensível e atual. Com seu caráter sentencioso, Sun Tzu forja a figura de um general cujas qualidades são o segredo, a dissimulação e a surpresa, aliados com os princípios do taoísmo.

”Métodos Militares” também do século IV a.C., foi escrita por de Sun Bin, que é considerado por alguns historiadores como pseudônimo do próprio Sun Tzu, e por outros como o bisneto deste. Registros históricos descrevem este militar como brilhante desde novo e um grande estudioso da obra de seu avô. Este estrategista se consagrou logo após ser mutilado devido a uma denuncia de espionagem, passando desde então a antever precisamente as estratégias de seus inimigos. Mas seu livro é mais uma análise de A Arte da Guerra, com uma amplitude estendida, do que algo realmente inovador.

As duas obras são muito boas, dão boas noções sobre competição e enfrentamentos. Contudo, creio que faltam adornos com os princípios do taoísmo e com o contexto histórico da época, pois certas vezes os autores se comunicam por meio de símbolos e parábolas que me deixaram boiando...

Nota: 6,0

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Pérola


A Pérola

John Steinbeck

Edição: 1

Editora: Bestbolso

Ano: 2007

Páginas: 112

A Pérola, romance de 1945, escrito pelo estadunidense do norte John Steinbeck, autor que foi consagrado por retratar o verdadeiro “real american way of life”. A história é uma parábola sobre o índio mexicano Kino que encontra uma pérola gigante que só lhe traz infortúnios.

Kino busca a jóia para salvar seu filho, acontece que ao conseguir a pérola, a pérola do mundo, a maior jamais vista, tal "presente" passa a trazer a Kino não a paz e a alegria, mas sim o mal e a tristeza.

A clareza da escrita do autor, aliada a intensidade da trama, facilita e torna rápida a leitura de um livro já relativamente curto. Contudo, a história forte e crítica, ao expor a crueldade do homem para saciar sua ambição, torna esse livro um essencial.

Nota: 9,0



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Crime e Castigo

Crime e Castigo

Fiódor Dostoiévski

Edição: 1

Editora: Nova Cultural

Ano: 2002

Páginas: 510

Publicado em 1866, Crime e Castigo é, junto com Os Irmãos Karamazov, a obra mais célebre de Fiódor Dostoiévski. Neste livro, Raskólnikov, um jovem estudante, pobre e desesperado, perambula pelas ruas de São Petesburgo até cometer um crime que tentará justificar por uma teoria: grandes homens, como César e Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História. Este ato desencadeia uma narrativa labiríntica que arrasta o leitor por becos, tabernas e pequenos cômodos, com personagens que lutam para preservar sua dignidade contra as várias formas da opressão.

Sempre acreditei que o tempo do mundo é diferente do tempo da leitura. Lá fora a velocidade é gritante, massacrante, sem profundidade, estéril, cobrando da vida das pessoas uma ação imediatista, sem meditação. Aqui, dentro do livro, é o oposto: o tempo se faz profundo, lento, silencioso e arrebatado pelo risco iminente. A linguagem não se congela e o pensamento transborda num rumor infinitamente inusitado; por vezes, tomado por alegrias que explodem com vibrantes luzes multicoloridas, outras vezes, enlameado por sentimentos que são tão densos como o temor da morte.

O drama deste livro se desenvolve agora em cima da culpa que Raskolnikov sente pelo assassinato, com debates internos sobre racionalizações e tentativas de justificar para si mesmo que aquilo foi uma coisa normal. Até que em arroubos de culpa se entrega a um investigador que há muito desconfiava do estudante, justamente por seu comportamento, que transparecia remorso e culpa. Raskolnikov, enfim é condenado e o romance termina com a sua chegada aos campos de prisioneiros da Sibéria onde iria cumprir a pena sentenciada pela sociedade e acalmaria sua consciência, que não lhe dava nem mais um minuto de paz. O livro é considerado como um dos pilares para os estudos da psicanálise, em conjunto com outras obras do mesmo autor.

Ao contrário do que muita gente gosta de dizer, os livros, ou a arte em geral, nem sempre nos humanizam ou nos sensibilizam para o nosso bem ou para o bem da humanidade. Pois, como alguns livros despertam nossa sensibilidade para os sentimentos profundos da alegria, do amor ou para a poesia da existência, outros livros oferecem o perigo de nos tornar mais frios, mais sofríveis, mais melancólicos, mais destrutíveis. Um exemplo dessa negatividade é o Werther de Goethe que produziu uma onda de suicídios!

Demorei quase um mês para ler este denso livro. Certas partes eu li mais rápido do que eu podia e menos atento do que devia. Mas ainda assim ele marcou. E o que Crime e Castigo, o que foi para mim? Foi submeter minha alma às influências mais estranhas e sombrias... Pela auto-reflexão vemos o orgulho dobrar-se sobre a depressão e angustia a um nível único.

Ainda assim vale a pena ler. Só diminuí a nota devido aos momentos prolixos e melancólicos do alfarrábio!

OBS: Leiam quando estiverem de bem com a vida!

Nota: 7,0


Diretrizes

Parcos leitores,

Venho aqui realçar o traçado do blog.

Decidi comentar sobre um livro a cada dia da semana - ou seja sábado e domingo, nada de livros. E em toda primeira semana do mês comentarei 4 livros que li neste ano, sendo que na sexta, sempre comentarei algum livro de trilogia, ou continuações, etc.

Nas outras semanas do mês comentarei livros que li em outros anos, a começar por 2008.

Contudo, na última semana deste mês farei um especial Bernard Cornwell, pois dia 23 é aniversário do garoto!

Qualquer publicação avulsa, sobre literatura, bibliotecas, etc. será postada ou no sábado, ou no domingo.

Por enquanto, é isso!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Mapa dos Ossos

O Mapa dos Ossos


Força Sigma 1

James Rollins

Edição: 1

Editora: Ediouro

Ano: 2006

Páginas: 496

Um grupo de mercenários disfarçados de monges rouba ossos dos Reis Magos e extermina fiéis de maneira misteriosa. Ao seguir a única pista deixada pelos assassinos "um símbolo de dragão na roupa do líder". Eis que uma equipe da força especial internacional SIGMA, comandada por Gray Pierce, e auxiliada por agentes do Vaticano, irão se deparar com um segredo sagrado há muito perdido e que colocará as chaves do mundo na mão do seu descobridor. É impossível largar esse romance enquanto não terminar a corrida contra o tempo para salvar o planeta de uma fraternidade tão antiga e secreta quanto mortal.

Confesso que desde que esse livro lançou, tive certo preconceito, pois nunca curti Dan Brown ou o outro que escreveu “O Cavaleiro Templário”. E, como não conhecia o autor, e o titulo e a capa me pareceram de segunda, deixei tudo pra lá. Contudo, surgiu uma promoção na submarino onde cada um dos três livros do autor estava R$ 9,90! Comprei e resolvi encarar... E que surpresa eu tive!

Antes de falar do livro, melhor apresentar o autor, James Rollins.Tanto James Rollins, quanto James Clemens são pseudônimos do veterinário estadunidense do norte Jim Czajkowski. Nascido em 1961 em Chicago, este carinha seguiu a carreira de médico de bicho até o termino de seu doutorado em veterinária em 1985. Contudo, a leitura de grandes autores de romances aventureiros, como Julio Verne, H. G. Wells e C. S. Lewis, o influenciou a tal ponto que decidiu largar o campo que se especializou para ser dedicar integramente à escrita.

Com somente três obras traduzidas aqui – a trilogia da Força Sigma – Jim vem ganhando espaço no meio literário que escolheu escrever. Uma prova disso ocorreu há cerca de dois anos atrás. Com mais de 20 livros escritos, foi escolhido para escrever o roteiro de Indiana Jones e a Caveira de Cristal. Apesar de o filme não ser grandes coisas, o cara tem algum mérito.

Sobre o livro. É um thriller de aventura, espionagem, investigação histórica e avanços tecnológicos. O que cativa no livro é a escrita, simples, leve e fácil de ler. Certas vezes há um quê de Dan Brown, mas em um nível bem superior.

Pode-se dizer que é uma mistura de Código da Vinci com Indiana Jones e 007. Sensacional! O que me desagradou no livro foi o final. Mas, como é uma opinião minha gerada não por um erro técnico ou por clichê, mas sim por um ponto de vista, não falarei porque para evitar spoiler... Vale a pena ler!

Nota: 8,0

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O misterioso caso de Styles

O misterioso caso de Styles


Agatha Christie

Edição: 1
Editora: Record
Ano: 1998
Páginas: 160

O primeiro e um dos mais famosos mistérios solucionados por Hercule Poirot, o caso Styles começa quando uma aristocrata inglesa morre trancada em seu quarto, vítima de um aparente ataque cardíaco. A coisa ficaria por aí, não fosse a suspeita de envenenamento levantada pelo médico da família.

Trata-se de um marco na história do romance investigativo! Por quê? Simples, também é o primeiro livro de Agatha Christie. Publicado em 1920, foi o primeiro de muitos... Mais de oitenta! E já de cara a autora apresenta um enredo moderno, contextualizado em no típico panorama da Inglaterra pós era vitoriana.

Com esta boa receita, Agatha consagrou definitivamente um novo rumo dos romances investigativos, pondo fim ao raciocínio lógico de Holmes de Doyle ou o pessimismo e infalibilidade de Poe.

Durante a trama desconfia-se de todos e nos momentos em que há provas irrefutáveis sobre alguma personagem, o detetive as põe abaixo... Ah, e já na primeira obra encontramos o detetive baixinho famoso, valente e engomadinho, Hercules Poirot.

Recheado com intrigas e mistérios, este livrinho pequeno e fácil de ler, conquista fácil alguém que nunca leu a autora. Contudo, para um macaco velho e tarimbado como eu, falta um pouco de ação (que se existir em Agatha Christie, “será subjetiva”). Contudo, creio que este frenesi de violência não fazia parte do zeitgest da época!

Nota: 7,0


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Os Prisioneiros

Os Prisioneiros

Rubem Fonseca

Edição: 1
Editora: Agir
Ano: 2009
Páginas: 173

Não há como negar que Rubem Fonseca tem um estilo impactante. E o autor demonstra seu inusitado estilo desde este primeiro livro, publicado em 1963. O "alfarrabio" possui 11 contos que têm o tema explicitado por sua própria epígrafe: “Somos prisioneiros de nós mesmo. Nunca se esqueça disso, e de que não há fuga possível” – Lao Tsé.

O incrível é que mais de 40 anos depois, os contos continuam extremamente contemporâneos. Essa uma das grandes qualidades de Rubem Fonseca, a universalidade de suas obras. Por exemplo, no primeiro conto, “Fevereiro ou Março”, vemos um bando de marombeiros descendo o cacete em um bloco carnavalesco.

Um livro pequeno que dá para ler em uma tarde chuvosa, ou em uma livraria escondido. Não há um padrão nos estilos de condução da história, como por exemplo, o desabafo em uma mesa de bar em “Gazela”, ou o dialogo com a namorada em “Curriculum Vitae”. Contudo, o que vale a pena é ater-se a semântica do tipo de encarceramento em que cada personagem se encontra.

Desde o primeiro livro que li de Rubem Fonseca fui conquistado pela a violência urbana paralela ao erotismo que permeiam suas historias. Definitivamente “O inimigo”, último e maior conto da obra, foi o que eu mais gostei. Em seguida vem o "Conformista Incorrigível" e "Os Prisioneiros".

O ruim do livro é mais uma opinião minha sobre o autor do que um defeito propriamente dito. As personagens e cenários apesar de serem muito bem construídos são efêmeros, o que deixa o final com um gostinho de quero mais... É mais uma qualidade do que um defeito!

Certa vez eu li que você percebe que leu um bom livro quando ao terminá-lo vem a sensação da perda de um amigo. Pois todos em todos os romances que li de Rubem Fonseca perdi grandes amigos, colegas e conhecidos, alguns só de vista.

OBS: Tenho certeza que todo mundo já leu o microconto “O Agente”!

Nota: 8,0

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Mal Secreto


O Mal Secreto


Coleção Plenos Pecados: Inveja

Zuenir Ventura

Edição: 1
Editora: Objetiva
Ano: 1998
Páginas: 264

“O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde." Pois foi justamente sobre este pecado tão complexo que se debruçou o jornalista Zuenir Ventura durante quase dois anos. Em "Mal Secreto", o primeiro volume da coleção Plenos Pecados, da Editora Objetiva, o autor convida o leitor a um mergulho no universo daquele que foi apontado, numa pesquisa exclusiva, entre os brasileiros, como o mais conhecido dos pecados capitais.

A escrita leve e temperada com o tom coloquial de Zuenir, o que cria uma relação de intimidade já nas primeiras páginas. No desenrolar do livro, diversos profissionais e personalidades auxiliam o autor a ponderar sobre o que é a inveja. O livro mistura romance, autobiografia e jornalismo investigativo sustentado uma profunda análise sobre este pecado.

Na série de livros Plenos Pecados, sete consagrados autores latino-americanos foram escolhidos para discorrer cada um sobre cada um dos sete pecados. Tenho até medo de ler algum dos outros seis e me desapontar com a coleção, pois achei este primeiro livro realmente é sensacional.

Defeitos? Talvez um ou outro, que uma primeira leitura não os encontrou. O desenrolar do livro esta perfeito, assim como toda a narrativa. Só criticaria a falta de maior profundidade sobre o assunto “Inveja”. Contudo, como o livro é só um romance e não um estudo científico, fica tudo oquei!

OBS: Essa nota é rara, heim!

Nota: 10,0