Memórias de um sargento de milícias
Manuel Antonio de Almeida
Edição: 3
Editora: Martin Claret
Ano: 2008
Páginas: 203
O livro trata da história de Leonardo, jovem que vive na época de Dom João VI e que gosta muito mais de se divertir do que de trabalhar. O autor faz uma irresistível e bem-humorada crônica sobre o cotidiano das classes baixas de um Rio de Janeiro que sofria diversas transformações com a chegada da Corte.
Apesar de a obra ser do período romântico, ao longo da trama vários aspectos do movimento são criticados, e diversas vezes satirizados. O livro foge a diversas características do romantismo, o relacionamento amoroso não é idealizado, Leonardo não se mostra corajoso e íntegro, como nos padrões do herói romântico. Mostra-se vagabundo, irresponsável, um anti-herói. Ele não é um vilão, mas não representa um modelo de comportamento; é uma pessoa comum. E do inicio ao fim a trama também foge do estilo romântico, mas não vou por “spoiler” aqui!
Manuel Antônio de Almeida faz referências à mitologia grega, cita personagens reais, como o major Vidigal e ainda expõe várias histórias paralelas, no mesmo contexto da trama principal. Enfim, ele faz de tudo para prender a atenção do leitor para o próximo capítulo, criando assim um estilo próprio, um Romantismo irônico, e crítico à sociedade vigente na época.
Apesar de o livro ter sido escrito no século XIX durante a época do estilo romântico, tal obra está mais identificada com o Realismo, notadamente pela ausência de maniqueísmo e personagens idealizados e a existência de metalinguagem.
Contudo, essas excentricidades do livro não são o seu principal atributo, mais sim a linguagem coloquial e o excelente quadro do cotidiano de meados do século XIX. Vale muito à pena a leitura!
Nota: 10,0
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