segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Crime e Castigo

Crime e Castigo

Fiódor Dostoiévski

Edição: 1

Editora: Nova Cultural

Ano: 2002

Páginas: 510

Publicado em 1866, Crime e Castigo é, junto com Os Irmãos Karamazov, a obra mais célebre de Fiódor Dostoiévski. Neste livro, Raskólnikov, um jovem estudante, pobre e desesperado, perambula pelas ruas de São Petesburgo até cometer um crime que tentará justificar por uma teoria: grandes homens, como César e Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História. Este ato desencadeia uma narrativa labiríntica que arrasta o leitor por becos, tabernas e pequenos cômodos, com personagens que lutam para preservar sua dignidade contra as várias formas da opressão.

Sempre acreditei que o tempo do mundo é diferente do tempo da leitura. Lá fora a velocidade é gritante, massacrante, sem profundidade, estéril, cobrando da vida das pessoas uma ação imediatista, sem meditação. Aqui, dentro do livro, é o oposto: o tempo se faz profundo, lento, silencioso e arrebatado pelo risco iminente. A linguagem não se congela e o pensamento transborda num rumor infinitamente inusitado; por vezes, tomado por alegrias que explodem com vibrantes luzes multicoloridas, outras vezes, enlameado por sentimentos que são tão densos como o temor da morte.

O drama deste livro se desenvolve agora em cima da culpa que Raskolnikov sente pelo assassinato, com debates internos sobre racionalizações e tentativas de justificar para si mesmo que aquilo foi uma coisa normal. Até que em arroubos de culpa se entrega a um investigador que há muito desconfiava do estudante, justamente por seu comportamento, que transparecia remorso e culpa. Raskolnikov, enfim é condenado e o romance termina com a sua chegada aos campos de prisioneiros da Sibéria onde iria cumprir a pena sentenciada pela sociedade e acalmaria sua consciência, que não lhe dava nem mais um minuto de paz. O livro é considerado como um dos pilares para os estudos da psicanálise, em conjunto com outras obras do mesmo autor.

Ao contrário do que muita gente gosta de dizer, os livros, ou a arte em geral, nem sempre nos humanizam ou nos sensibilizam para o nosso bem ou para o bem da humanidade. Pois, como alguns livros despertam nossa sensibilidade para os sentimentos profundos da alegria, do amor ou para a poesia da existência, outros livros oferecem o perigo de nos tornar mais frios, mais sofríveis, mais melancólicos, mais destrutíveis. Um exemplo dessa negatividade é o Werther de Goethe que produziu uma onda de suicídios!

Demorei quase um mês para ler este denso livro. Certas partes eu li mais rápido do que eu podia e menos atento do que devia. Mas ainda assim ele marcou. E o que Crime e Castigo, o que foi para mim? Foi submeter minha alma às influências mais estranhas e sombrias... Pela auto-reflexão vemos o orgulho dobrar-se sobre a depressão e angustia a um nível único.

Ainda assim vale a pena ler. Só diminuí a nota devido aos momentos prolixos e melancólicos do alfarrábio!

OBS: Leiam quando estiverem de bem com a vida!

Nota: 7,0


Um comentário:

  1. Nunca li Dostoiévski... vou colocar isso na minha lista de cem coisas para fazer, hehehehe!

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